sábado, 14 de março de 2009

Tendências Culturais Entre o Naturalismo e as Vanguardas (da I republica ao estado novo)

  1. Tendências Culturais Entre o Naturalismo e as Vanguardas (da I republica ao estado novo)


    Foi um movimento estético que surgiu numa primeira fase em 1911 com a «Exposição Livre de 1911» e, fundamentalmente, a partir de 1915. Caracterizou-se pelo culto da modernidade que dominou a mentalidade contemporânea. Os seus seguidores privilegiavam a novidade relativamente ao estabelecido, a aventura face à segurança.
    No movimento modernista estavam associadas à literatura e às artes plásticas. Encontrou nas revistas «Orpheu» (1915), «Portugal Futurista» (1917) e «Presença» (19127-1940) os seus principais expoentes.

    > Modernismo na Literatura

    A I República conheceu duas correntes literárias que foram o «Integralismo Lusitano» (tradicionalista, dirigido por António Sardinha) e a «Seara Nova» (democrática, dirigida por António Sérgio).
    No entanto, o sentimento de inconformismo vem a revelar-se com o aparecimento de um grupo modernista, centrado em novas revistas. Em 1915, surge o 1º Grupo Modernista, iniciado e impulsionado pela revista «Orpheu» com Fernando Pessoa, Mário de Sá Carneiro e Almada Negreiros - pretendiam que a literatura esmagasse os caminhos ousados e originais do resto da Europa, em paralelo com as artes plásticas. A revista «Orpheu» escandalizou o público que se mostrou chocado com as inovações que punham em causa o academismo tradicional.
    Fernando Pessoa destaca-se com a sua criatividade poética que se transmite através do seu desdobramento em várias personagens (heterónimos).
    O 2º grupo modernista desenvolve-se entre 1927 e 1940 (Ditadura Militar e Estado Novo), em torno da revista «Presença». Destacam-se Miguel Torga, José Régio e Aquilino Ribeiro e Ferreira de Castro. Em alguns escritores, como Ferreira de Castro (prosador), sobressai um estilo novo que trata a vida social do povo, os momentos dolorosos da emigração, os desempregados, a dureza do seu dia-a-dia. Será um precursor do neo-realismo.

    < Modernismo nas Artes Plásticas

    1ª Geração de Paris – 1911-1919

    No início do séc. XX, dominava em Portugal a pintura figurativa que tinha a sua expressão no pintor Malhoa. A situação alterou-se quando, em 1911 e depois em 1914, vários pintores e escultores portugueses que se encontravam em Paris regressam ao país, fugindo da guerra, trazendo consigo novos valores estéticos. Foi o início do modernismo em Portugal. Entre outros, vieram de Paris, Dórdio Gomes, Diogo de Macedo, Francisco Franco, Amadeu de Souza-Cardoso, Santa-Rita Pintor, Eduardo Viana. A eles se juntou Almada Negreiros.
    Foi no Porto que se assumiu o termo modernismo ao intitular-se uma exposição, em 1915, de «Humoristas e Modernistas». Foi a época mais irreverente, ousada e brilhante do modernismo, onde se destacaram Amadeu de Souza-Cardoso e Santa- Rita Pintor.
  • 2º Geração de Paris = A Década de 20

    Na década de 20, destaca-se a «segunda geração de Paris», designação dada aos artistas que, terminada a guerra, retornam a Paris ou para aí vão pela primeira vez. Partem Dórdio Gomes, Diogo de Macedo, Abel Manta e Almada Negreiros. Surge outra geração de pintores como Mário Eloy (expressionista), Sarah Afonso, Carlos Botelho e Júlio Pereira. Foi a época da revista «Presença».
    As autoridades continuavam a rejeitar os modernistas. Recusada a participação destes artistas na Sociedade Nacional de Belas Artes, outros locais se abriram para a exposição das suas obras: as dos cafés e clubes que frequentavam, transformadas em galerias de arte


    As Décadas de 30 e 40: Estado Novo Aproveita o Modernismo. Aparecimento De Novas Formas Artísticas

    Em 1933, António Ferro, jornalista, simpatizante dos modernistas, assumiu a direcção do Secretariado de Propaganda Nacional do Estado Novo. A partir de então, os pintores modernos e o modernismo foram utilizados na construção da imagem de «novidade» que o Estado Novo pretendia criar. O Modernismo oficializava-se, a partir de então. Nela podemos integrar a pintura de Almada Negreiros, nas décadas de 30 e 40.
    No entanto, neste período, destacam-se dois acontecimentos importantes no campo da pintura: a 1ª exposição individual de Maria Helena Vieira da Silva, em Paris; e a exposição, em Lisboa, de um grupo de artistas independentes.
    «Os Artistas Modernos Independentes»
    Como resposta à oficialização do movimento modernista (o que representava a sua sujeição), o pintor António Pedro organizou, em 1936, a exposição dos «Artistas Modernos Independentes» onde se homenageavam os primeiros modernistas.
    Enquanto a Exposição do Mundo Português falava de ordem e evocava os heróis do passado, os surrealistas denunciavam os absurdos da situação política que se iniciara com a Guerra Civil de Espanha.
    Na década de 40, António Pedro vai ser um dos promotores do grupo surrealista português, nascido, em grande parte, numa atitude de oposição à «arte oficial» do Estado Novo.
    Entre os artistas surrealistas encontramos António Pedro, António Domingues, Mário Cesariny e Moniz Pereira.

    < Modernismo na Arquitectura

    Durante a I República, a arquitectura portuguesa é marcada por um grande atraso em relação à dos outros países europeus, devido à instabilidade da 1ª República e à participação de Portugal na I Guerra.Durante o Estado Novo, surge um grupo de jovens arquitectos que, na sequência da expansão urbana de Lisboa, vão participar com os seus projectos na renovação dos edifícios públicos da cidade.
    Vão empreender a construção de bairros e edifícios de estilo modernista, respondendo às encomendas do Estado Novo, regime que vai saber utilizar as inovações dos seus arquitectos em construções que servem as preocupações urbanísticas da época e enaltecem os valores ideológicos do regime.
    Esta ligação entre o Modernismo e o Estado Novo não teria sido possível sem a intervenção de António Ferro, grande admirador da nova estética de vanguarda. O Modernismo português foi, por isso, o modernismo possível no quadro do Estado Novo. Na década de 30 (influência de António Ferro) marcada pela ousadia e cosmopolitismo das formas, mas, na década de 40, já menos ousado e mais nacionalista, devido à influência de Duarte Pacheco, ministro das Obras Públicas de Salazar.
    Aqueles jovens arquitectos vão procurar fazer a síntese arquitectónica entre as tendências decorativas e nacionalistas do Estado Novo e as novas formas estéticas do modernismo. Por outras palavras, dar um estilo moderno às construções do regime e aos seus símbolos históricos (heróis, santos, navegadores), enquadrados num cenário de grandeza e aparato.
    Em muitas obras arquitectónicas detectamos a tentativa de criar um certo «estilo português», ligando a nova linguagem a elementos tradicionais portugueses como, por exemplo, os telhados de telha que são colocados sobre os edifícios sólidos e estáticos do Estado Novo. São construídos grandes blocos sólidos e pesados como o próprio regime. Uma arquitectura feita para durar, como o próprio Estado Novo.

    < Modernismo na Escultura

    Destacaram-se Francisco Franco, Diogo de Macedo e Leopoldo de Almeida que avançaram, também, para formas modernistas com temática tradicional (temas nacionalistas, religiosos, familiares). Criaram também em sintonia com os valores do Estado Novo.

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