sábado, 14 de março de 2009

Termo Da Prosperidade Económica

Termo Da Prosperidade Económica

< Dificuldades dos anos 70

A partir de 1975, inesperadamente, pois até aí, o modelo capitalista imperava em toda a sua plenitude, abate-se uma crise nos países industrializados, com acentuadas descidas dos respectivos PIBs, encerramentos de empresas, afectando, em especial os sectores siderúrgicos, da construção naval e automóvel, e o têxtil, subindo o desemprego. Paralelamente, a inflação tornou-se galopante. Este fenómeno recebeu o nome de estagflação, termo que liga as palavras estagnação (da produção) e inflação.

Esta crise económica nos anos 70 deu-se, sobretudo, à conjugação de dois factores:

  • A crise energética, nos finais da década de 60, o petróleo era a fonte de energia básica de que dependiam os países industrializados. Em 1973, os países do Médio Oriente, membros da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), que até aí tinham mantido baixo o custo do barril de crude, fazem des recurso natural uma arma política, quadruplicando os preços, como retaliação à ajuda ocidental a Israel na Guerra do Yon Kipur, impondo-se mesmo um boicote total aos EUA, à Holanda e à Dinamarca, “inimigos da causa árabe”. Em 1979, a situação agravar-se-ia ainda mais com novas subidas de preço devido à crise política no Irão (segundo maior exportador mundial) e à posterior Guerra Irão-Iraque.
    Estes “choques petrolíferos” provocaram um acentuado aumento dos custos de produção dos artigos industriais, e consequentemente, o encarecimento dos artigos junto do consumidor, gerando uma quebra no consumo.

  • A instabilidade monetária, provocada pela suspensão, em Agosto de 1971, da convertibilidade do dólar em ouro. A excessiva quantidade de moeda posta em circulação pelos Estados Unidos, cujo dólar se tinha tornado numa espécie de moeda-padrão, em virtude da hegemonia económica americana, obrigou o presidente Nixon a decretar a suspensão da sua convertibilidade em ouro, o que desregulou o sistema monetário internacional dando origem a um fenómeno de inflação galopante.

Segunda Vaga de Descolonizações

Segunda Vaga de Descolonizações

Com o fim da II Guerra Mundial, as colónias começaram a tentar a sua independência. Um dos factores que contribuiu para impulsionar o movimento de descolonização foi o impacto exercido pela II Guerra Mundial: os povos dominados lutaram ao lado da sua metrópole pelos valores democráticos, e agora, reclamavam para si esses valores.
Com o fim da II Guerra Mundial, o movimento de descolonização foi apoiado pela ONU, que consagrou o princípio do direito à autodeterminação dos povos, e impulsionado pela Conferência de Bandung, na qual 27 países da África e da Ásia se reuniram por uma política de não-alinhamento e pela defesa da autodeterminação e da independência, surgindo assim politicamente o Terceiro Mundo.
O apoio dos EUA e da URSS à descolonização ajudou também neste processo. A URSS desejava estender o modelo soviético aos novos países. Os EUA defendiam ao mesmo tempo os seus interesses económicos.
A estes factores, deve juntar-se a opinião pública das metrópoles, favorável ao processo de descolonização e ao aparecimento entre os povos dominados de vanguardas nacionalistas locais. As consequências da descolonização para estes povos não foram no entanto, na maioria dos casos, as melhores. Os modelos propostos para o seu desenvolvimento mostraram-se inadequados. Por fim, estes novos países viram-se incapazes de governarem de maneira independente, tornando-se cada vez mais dependentes.
A descolonização ocorreu na Ásia na década de 50. Entre 1952 e 1960, deu-se a descolonização do Norte de África, enquanto que a da África Negra (a excepção das colónias portuguesas) ocorreu na década de 60.
No entanto, na década de 60, surgem nestas colónias portuguesas diversos movimentos de independência. Em Angola, o MPLA e a UNITA, na Guiné, o PAIGC e em Moçambique o FRELIMO lutaram pela independência, através de violentas acções de guerrilha contra a presença portuguesa. Isto obrigou à mobilização de tropas portuguesas, originando os conflitos milhares de mortos. Estes conflitos acabaram apenas depois do 25 de Abril de 1974.

  • A primeira vaga independentista verifica-se entre 1945 e 1959: na Ásia, a Indochina francesa, a Índia, de que depois se separou o Paquistão; no Médio Oriente, a Jordânia, a Síria e o Líbano; no Norte de África, a Tunísia e Marrocos.
  • A segunda vaga ocorre entre 1960 e 1980, e significa o despertar da África, com o surgimento de 17 novos Estados independentes no continente, como consequência da Resolução 1514. Em 1963, constitui-se a Organização de Unidade Africana (OUA), com o objectivo de reforçar os laços entre os novos Estados e de lutar contra as potências colonialistas que teimavam em não descolonizar.

Estado Novo

Estado Novo

A 28 de Maio de 1926 dá-se um golpe de Estado dirigido pelo General Gomes da Costa que põe fim à I República.
Depois do Golpe de 1926, a agitação política continuava. Sendo ultrapassada com a eleição do general Óscar Carmona para presidente em 1928 e com a escolha de António Oliveira Salazar para a Pasta das Finanças. Este aceita o cargo, com a condição de que nenhuma despesa pública seja aprovada sem o seu consentimento. Salazar ascende à Presidência do Conselho de Ministros em 1932 porque consegue resolver a situação financeira.
A partir de 1930, uma série de diplomas e organismos fazem surgir o ESTADO NOVO:
- União Nacional (1930) - Foi concebida como um movimento que agregava todos os portugueses. Para Salazar servia como elo de ligação e não de desunião. Na prática comportou-se como um partido único, tal como nos outros Estados totalitários, pois toda a oposição foi proibida. Juntava todas as forças conservadoras.
- Acto Colonial (1930) - estabelecia Portugal como um Estado pluricontinental, considerando as colónias como parte integrante e inalienável do território nacional.
- Constituição de 1933:
- Estatuto do Trabalho Nacional (1933) - estipulava que os trabalhadores se deveriam organizar em sindicatos nacionais e os patrões em grémios, negociando entre si os contratos colectivos de trabalho. Isto transformava o Estado português num Estado Corporativo.

< Ideologias

Culto do chefe: Salazar controlava a vida política do país; o Presidente da Republica era apenas uma figura simbólica e a Assembleia Nacional era constituída por deputados submissos ao regime.
Corporativismo
Nacionalismo
Imperialismo
Totalizante (anti-parlamentarismo; anti-partidarismo; anti-sindicalismo; controlo total da vida de uma nação pelo chefe)
Repressivo

< Adopção do modelo fascista italiano

Início do Estado Novo (salazarismo) que de 1933 a 1968 seguiu progressivamente e de perto o modelo fascista:
- Um chefe: Salazar.
- Um partido: União Nacional.
- Uma polícia política: a PVDE (1933); a PIDE (1945); a DGS (1969).
- Censura
- Proibição de sindicatos.
- Instituição do corporativismo.
- Milícia armada: Legião Portuguesa.
- Enquadramento da juventude: Mocidade Portuguesa.
- Culto do chefe: Salazar, o salvador da pátria.
- Recusa do parlamentarismo, da democracia, do libera-lismo.
- Controlo da cultura e dos movimentos artísticos que deviam servir para propagandear o regime.

< Uma Economia submetida aos Imperativos Políticos do Regime

- Estabilidade financeira: Salazar impôs aos diversos ministérios uma rigorosa política de limitação de despesas; lançou sobre a população um conjunto de impostos tendo em vista o aumenta da receita, conseguindo o equilíbrio orçamental.
- Defesa da ruralidade: defendia uma política económica essencialmente agrícola, considerando que o desenvolvimento da agricultura era fundamental para o desenvolvimento do país e para resolver os problemas sociais da população.
- Obras públicas e condicionamento industrial: a economia portuguesa mantinha a aparência como rural e a sociedade maninha uma estrutura conservadora. Com o I plano de fomento introduziu-se o conceito de planificação da economia nacional. As prioridades deste plano eram para as indústrias pesadas e infra-estruturas. O regime avança com uma política de obras públicas, revestindo o país com equipamentos necessários aos novos tempos.
- Corporativização dos sindicatos: a nação era vista como um conjunto de indivíduos isolados, como uma a reunião de grupos e associações como funções distintas mas interligadas e interdependentes. A organização corporativa do Estado e da sociedade baseava-se no Estatuo do Trabalho Nacional. Os trabalhadores dos diversos sectores de actividade deviam agrupar-se em sindicatos nacionais e os patrões em grémios.
- Politica colonial: o Acto colonial aprovado em 1930, marcou bem a soberania portuguesa sobre as colónias, nele afirmava a missão histórica civilizadora dos Portugueses nos territórios ultramarinos – considerados imperiais inalienáveis. Reforçou-se também a tutela metropolitana sobre as colónias.

Tendências Culturais Entre o Naturalismo e as Vanguardas (da I republica ao estado novo)

  1. Tendências Culturais Entre o Naturalismo e as Vanguardas (da I republica ao estado novo)


    Foi um movimento estético que surgiu numa primeira fase em 1911 com a «Exposição Livre de 1911» e, fundamentalmente, a partir de 1915. Caracterizou-se pelo culto da modernidade que dominou a mentalidade contemporânea. Os seus seguidores privilegiavam a novidade relativamente ao estabelecido, a aventura face à segurança.
    No movimento modernista estavam associadas à literatura e às artes plásticas. Encontrou nas revistas «Orpheu» (1915), «Portugal Futurista» (1917) e «Presença» (19127-1940) os seus principais expoentes.

    > Modernismo na Literatura

    A I República conheceu duas correntes literárias que foram o «Integralismo Lusitano» (tradicionalista, dirigido por António Sardinha) e a «Seara Nova» (democrática, dirigida por António Sérgio).
    No entanto, o sentimento de inconformismo vem a revelar-se com o aparecimento de um grupo modernista, centrado em novas revistas. Em 1915, surge o 1º Grupo Modernista, iniciado e impulsionado pela revista «Orpheu» com Fernando Pessoa, Mário de Sá Carneiro e Almada Negreiros - pretendiam que a literatura esmagasse os caminhos ousados e originais do resto da Europa, em paralelo com as artes plásticas. A revista «Orpheu» escandalizou o público que se mostrou chocado com as inovações que punham em causa o academismo tradicional.
    Fernando Pessoa destaca-se com a sua criatividade poética que se transmite através do seu desdobramento em várias personagens (heterónimos).
    O 2º grupo modernista desenvolve-se entre 1927 e 1940 (Ditadura Militar e Estado Novo), em torno da revista «Presença». Destacam-se Miguel Torga, José Régio e Aquilino Ribeiro e Ferreira de Castro. Em alguns escritores, como Ferreira de Castro (prosador), sobressai um estilo novo que trata a vida social do povo, os momentos dolorosos da emigração, os desempregados, a dureza do seu dia-a-dia. Será um precursor do neo-realismo.

    < Modernismo nas Artes Plásticas

    1ª Geração de Paris – 1911-1919

    No início do séc. XX, dominava em Portugal a pintura figurativa que tinha a sua expressão no pintor Malhoa. A situação alterou-se quando, em 1911 e depois em 1914, vários pintores e escultores portugueses que se encontravam em Paris regressam ao país, fugindo da guerra, trazendo consigo novos valores estéticos. Foi o início do modernismo em Portugal. Entre outros, vieram de Paris, Dórdio Gomes, Diogo de Macedo, Francisco Franco, Amadeu de Souza-Cardoso, Santa-Rita Pintor, Eduardo Viana. A eles se juntou Almada Negreiros.
    Foi no Porto que se assumiu o termo modernismo ao intitular-se uma exposição, em 1915, de «Humoristas e Modernistas». Foi a época mais irreverente, ousada e brilhante do modernismo, onde se destacaram Amadeu de Souza-Cardoso e Santa- Rita Pintor.
  • 2º Geração de Paris = A Década de 20

    Na década de 20, destaca-se a «segunda geração de Paris», designação dada aos artistas que, terminada a guerra, retornam a Paris ou para aí vão pela primeira vez. Partem Dórdio Gomes, Diogo de Macedo, Abel Manta e Almada Negreiros. Surge outra geração de pintores como Mário Eloy (expressionista), Sarah Afonso, Carlos Botelho e Júlio Pereira. Foi a época da revista «Presença».
    As autoridades continuavam a rejeitar os modernistas. Recusada a participação destes artistas na Sociedade Nacional de Belas Artes, outros locais se abriram para a exposição das suas obras: as dos cafés e clubes que frequentavam, transformadas em galerias de arte


    As Décadas de 30 e 40: Estado Novo Aproveita o Modernismo. Aparecimento De Novas Formas Artísticas

    Em 1933, António Ferro, jornalista, simpatizante dos modernistas, assumiu a direcção do Secretariado de Propaganda Nacional do Estado Novo. A partir de então, os pintores modernos e o modernismo foram utilizados na construção da imagem de «novidade» que o Estado Novo pretendia criar. O Modernismo oficializava-se, a partir de então. Nela podemos integrar a pintura de Almada Negreiros, nas décadas de 30 e 40.
    No entanto, neste período, destacam-se dois acontecimentos importantes no campo da pintura: a 1ª exposição individual de Maria Helena Vieira da Silva, em Paris; e a exposição, em Lisboa, de um grupo de artistas independentes.
    «Os Artistas Modernos Independentes»
    Como resposta à oficialização do movimento modernista (o que representava a sua sujeição), o pintor António Pedro organizou, em 1936, a exposição dos «Artistas Modernos Independentes» onde se homenageavam os primeiros modernistas.
    Enquanto a Exposição do Mundo Português falava de ordem e evocava os heróis do passado, os surrealistas denunciavam os absurdos da situação política que se iniciara com a Guerra Civil de Espanha.
    Na década de 40, António Pedro vai ser um dos promotores do grupo surrealista português, nascido, em grande parte, numa atitude de oposição à «arte oficial» do Estado Novo.
    Entre os artistas surrealistas encontramos António Pedro, António Domingues, Mário Cesariny e Moniz Pereira.

    < Modernismo na Arquitectura

    Durante a I República, a arquitectura portuguesa é marcada por um grande atraso em relação à dos outros países europeus, devido à instabilidade da 1ª República e à participação de Portugal na I Guerra.Durante o Estado Novo, surge um grupo de jovens arquitectos que, na sequência da expansão urbana de Lisboa, vão participar com os seus projectos na renovação dos edifícios públicos da cidade.
    Vão empreender a construção de bairros e edifícios de estilo modernista, respondendo às encomendas do Estado Novo, regime que vai saber utilizar as inovações dos seus arquitectos em construções que servem as preocupações urbanísticas da época e enaltecem os valores ideológicos do regime.
    Esta ligação entre o Modernismo e o Estado Novo não teria sido possível sem a intervenção de António Ferro, grande admirador da nova estética de vanguarda. O Modernismo português foi, por isso, o modernismo possível no quadro do Estado Novo. Na década de 30 (influência de António Ferro) marcada pela ousadia e cosmopolitismo das formas, mas, na década de 40, já menos ousado e mais nacionalista, devido à influência de Duarte Pacheco, ministro das Obras Públicas de Salazar.
    Aqueles jovens arquitectos vão procurar fazer a síntese arquitectónica entre as tendências decorativas e nacionalistas do Estado Novo e as novas formas estéticas do modernismo. Por outras palavras, dar um estilo moderno às construções do regime e aos seus símbolos históricos (heróis, santos, navegadores), enquadrados num cenário de grandeza e aparato.
    Em muitas obras arquitectónicas detectamos a tentativa de criar um certo «estilo português», ligando a nova linguagem a elementos tradicionais portugueses como, por exemplo, os telhados de telha que são colocados sobre os edifícios sólidos e estáticos do Estado Novo. São construídos grandes blocos sólidos e pesados como o próprio regime. Uma arquitectura feita para durar, como o próprio Estado Novo.

    < Modernismo na Escultura

    Destacaram-se Francisco Franco, Diogo de Macedo e Leopoldo de Almeida que avançaram, também, para formas modernistas com temática tradicional (temas nacionalistas, religiosos, familiares). Criaram também em sintonia com os valores do Estado Novo.